quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O salário de uma Au Pair: é possível sobreviver?

Respondendo às perguntas da Raíssa, resolvi fazer esse post. Uma das grandes dúvidas quando se começa a pesquisar sobre o programa de Au Pair é se com o salário de $195.75 dólares semanais dá para ter uma vida digna. Mais uma vez, vou falar da minha experiência.
Dá pra viver sim, muito bem. Mas não sem esforço. Tudo vai depender de seu planejamento. Alguns fatores que acho importante comentar:

-A host family. Esse é um fator que vai pesar. A minha família nunca me paga hora extra, o que aliás é proibido pelo programa. Acho que vou fazer o próximos post só sobre isso, porque esse lance de hora extra dá pano pra manga. Mas, em resumo, minha experiência é a de uma au pair que pode contar com os (quase) duzentos dólares por semana e nada mais.
-Os benefícios que a família vai te dar. Por isso repito sempre: a escolha da host family é MUITO importante. Eu, por exemplo, tenho um tanque de gasolina por semana. Em geral, dá pra dirigir a semana toda (e olha que dirijo quase mais que caminhoneiro) e pra sair bem no final de semana. A minha host family paga academia pra mim. Também muitas vezes ganho ingressos pra ir em jogos. E algumas vezes me levam pra viajar com eles, o que tem sido muito bacana, porque como minhas meninas são mais velhas eu praticamente não trabalho nas viagens. E ainda tenho celular pago, sem restrições de ligação ou mensagens (exceto para o exterior, é claro).
-Considere também que a família vai pagar todas as contas. Você não terá nenhuma despesa fixa.

Agora, algumas outras coisas a se considerar:
- Não é sempre q tem aquela comida gostosa em casa. Você vai sentir necessidade de sair para comer de vez em quando (pelo menos umas duas vezes por semana) ou comprar algo no supermercado.
-Considere que você paga seus produtos de higiene pessoal. Shampoo, condicionador, pasta de dente, etc.
-Talvez você tenha que pagar sua academia. Aqui você consegue uma excelente por 35 dólares por mês.
- Sair não é barato. A cerveja long neck custa em geral 5 dólares, bebidas com vodka custam 10. Cinema? 10 dólares nos fins de semana. Comer fora? 10 a 15 dólares nos restaurantes mais baratos. Se a grana está curta, dá pra alugar filmes por 1 dólar na Reddbox. Passeios nos parques são de graça rs

E por fim, você vai ter que guardar dinheiro para viajar e fazer compras :) E dá pra fazer isso com tranquilidade se você se planeja. Quando eu cheuguei aqui, fiquei meio doida com todas as lojas e promoções do mall. É natural a Au Pair sair comprando tudo o que vê. Depois de um tempo a gente aprende a pesar os gastos, e vê no que vale a pena gastar e no que não vale. Mas isso é um critério que cada uma constrói conforme passam os meses. Se alguém ler isso algum dia, o melhor conselho que posso dar é: tente não comprar roupas, acessórios e eletrônicos nos primeiros dois meses. Vá a muitas lojas, veja os preços e a qualidade, que depois de um tempo você aprenderá a ter critério.

Se surgirem dúvidas, comentem aqui que respondo assim que possível!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Reflexão ao pé da mesa

Hoje almoçando eu tive um momento de epifania. Estava elaborando minha sobremesa, um dos melhores momentos do dia. Com a restrição de poder usar só os alimentos que tenho em casa devido à pão-durice que a vida como au pair exige, é necessário desenvolver um certo sentido de criatividade na hora de comer. Pois bem, como sobraram algumas panquecas que fiz para o café da manhã, eis no que resultou minha criação: panquecas, cerejas escuras (dark cherries) e chocolate syrup. Olhando para minha obra, digna de uma foto (pena que não tirei, a fome foi mais rápida), minha boca enchia d'água só ao pensamento de iniciar a degustação. O prato ficou lindo, daqueles de se comer com os olhos. Uma garfada depois, a decepção. Não era ruim. Eu podia diferenciar o açúcar do syrup do sabor das cerejas, e a textura das panquecas dava um equilíbrio. Mas não era a maravilha que a figura prometia ser.
O sentimento de frustração me caiu surpreendentemente familiar. E então entendi. Quando cheguei nos Estados Unidos, o choque foi enorme. No lugar onde moro, a cidade é pequena, toda planejada, construída no meio de uma floresta de árvores. Tudo é lindo. As pessoas são bem vestidas, os jardins bem cuidados, as crianças loiras de olhos azuis correm na rua sem medo. Tudo parece perfeito e exatamente como deveria ser.
É só depois de um certo tempo que conseguimos desenvolver uma percepção das entrelinhas. Só então nos atentamos para o fato de que aqui as crianças tem problemas de drogas nas escolas. Aqui também casais se divorciam. Aqui também pessoas se suicidam. Aqui, os famosos cupcakes são lindos, mas na primeira mordida temos que tomar cuidado para não travar com todo o açúcar do icing. Aqui, as pessoas também roubam e são assaltadas. E depois da primeira mordida, finalmente percebemos que não há lugar perfeito ou paraíso terrestre. O que existe são sua crença, família, bons amigos, e escolhas. O resto, é só fotografia.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Meu Halloween 2011

Para quem passou o último Halloween doente e de cama, não posso reclamar, esse ano foi bem melhor. Ainda que meio gripada, consegui sair no sábado à noite em Houston, e é muito divertido ver todas as pessoas fantasiadas andando na rua, é uma festa geral! Como o Halloween esse ano caiu na segunda-feira, todos os lugares celebraram a festa no sábado. Daí minha frustração: eu achava que ainda teria mais festa na segunda. Conclusão: minhas amigas ou estavam doentes, ou em aula, ou presas no trânsito, ou qualquer coisa menos disponíveis pra saírem de casa comigo. Mas tudo bem, ainda que meio frustrada, consegui entregar os doces para as crianças que batiam na porta. E que fofos! Quando a gente vê aqueles projetos de gente tocando a campainha e vestidos de power rangers, princesas, e por aí vai, não tem jeito: o coração derrete. E foi uma delícia! Além disso, o pessoal da vizinhança se juntou na rua e fizeram uma confraternizaçao entre todo mundo antes da criançada sair para o trick or treat. Muito legal, exceto que descobri que não conheço um quinto dos meus vizinhos. Anotação mental: ser au pair é não saber quem são seus vizinhos porque a maioria nem quer saber quem é a nanny da família. Me senti total peixe fora d'água e entrei em casa. Depois de comer, é claro.
Como não tinha companhia à noite, saí pela vizinhança tirando fotos das casas e das decorações, uma lacuna que ficou no ano passado e da qual consegui me livrar esse ano. Meus queridos, enjoy :)

Muitas casas têm decorações que brilham a noite

Detalhe para o vampiro dentro da carruagem que ficava entrando e saindo do caixão, um barato!

Aranha iluminada - era grandona, gente

Cemitério

E pra fechar com chave de outro, todos os primos do Casper :)