terça-feira, 20 de setembro de 2011

Em dias de chuva

E aqui vamos nós ao fim do mês de setembro. Bom, se não é o fim,  é ao menos o começo do fim. Eu pensei em alguns temas que gostaria de escrever aqui no blog. Tinha pensado de falar das taxas que eles cobram aqui nos Estados Unidos, mas eis que hoje mais uma vez tive uma "crise" com minha menina, e resolvi que, este sim, é um tema bem digno do blog.

Eu sei que muitas meninas que pensam em ser au pairs podem ser divididas em dois grupos: algumas sofrem um pouco da dúvida: será que vou dar conta das crianças? Outras, pelo contrário, vão na onde do "indo para os EUA, faço qualquer negócio". Então aqui vão alguns "heads up":
SE VOCÊ NÃO QUER CUIDAR DE CRIANÇA, ARRUME OUTRO PROGRAMA. Acho que já falei disso em algum dos meus primeiros posts, mas esse tema certamente merece alguma redundância. Às meninas que vêm pra cá pensando que vão fazer turismo, e que cuidar das kids é algo secundário, devo alertar que a prática é muito diferente. A maioria das meninas vai passar sim a maior parte do tempo aqui nos EUA trabalhando com as crianças da host family. Agora, se você nunca/jamais sequer se imaginou como babysitter, por favor não invente de fazer isso em outro país. Faça pelo menos um test drive com alguma família do Brasil. Todo mundo sabe que ninguém se torna au pair porque era o sonho ser babá numa família americana, mas é preciso aceitar que isso é sim um emprego, e que é com isso que você gastará 50% do seu tempo. (Vamos pensar que você dorme 8 horas, sobram 16h para o seu dia. Durante 8 horas você estará trabalhando - no mínimo - então sobram outras 8 horas para comer, tomar banho, estudar e relaxar.. É uma conta besta, mas dá uma boa idéia do dia-a-dia).

CUIDAR DE CRIANÇA NÃO É NENHUM BICHO DE SETE CABEÇAS, MAS ESTEJA PREPARADA. Pra não dar uma de mandona-repetitiva que fica dando sermão, vou desabafar meu caso de hoje. Minha pequena me entra na cozinha com o joelho ralado e sangrando. Ela não está chorando, e não é um ferimento com nada de grave. Só um arranhão de quem caiu do skate. Ela pega um guardanapo e começa a limpar com água. Qualquer pessoa de razoável inteligência sabe que é preciso desinfetar com anti-séptico, então lá vai a Amanda cuidar do machucado. A resposta da criança?

Não, eu não quero. Mas B, não dói, é a mesma coisa que a água que você está colocando no machucado, só que esse aqui vai curar e não vai deixar inflamar. Não, eu sei disso, mas eu sei me cuidar e não vou colocar isso. Mas B, você precisa colocar, é pro seu bem, você mesma pode por se quiser, olha, tá aqui. Não, eu não vou por! Mas por quê? Porque eu não quero! Mas não vai doer! Eu sei, mas eu não quero, quero fazer do meu jeito! (Isso porque ela tem quase 10 anos).

10 minutos depois, o que sobrou da conversa? Ela se recusou a por o remédio porque estava cismada que queria do jeito dela, e ainda me chamou de idiota. Eu fiquei brava, mas não gritei com ela. Mandei a vizinha embora, e disse para a B que só poderia brincar de novo com a amiga quando pedisse desculpas. O que aliás ela só fez 3 horas mais tarde, quando o pai chegou em casa e deu A bronca. Eu sei que essa menina chega a ser um caso extremo, muitas au pairs não tem que passar por isso com as crianças. Eu passo alguns dias difíceis como esse, mas eu tenho o conforto de saber que os meus hosts são pessoas muito razoáveis, que me apoiam nesses momentos. Mas é preciso ter muita calma, e fazer um PhD em Paciência. Porque às vezes, tudo o que a gente quer é gritar com as crianças e mandá-las para um lugar onde elas desapareçam por algumas horas. Sabe aquela bolsa da Mary Poppins? Às vezes eu queria uma, pra eu mesma me jogar dentro. É um verdadeiro treino, e é por isso que aqui crescemos muito. Mesmo que eu não consiga a bolsa, quem sabe um dia eu não arranjo o guarda-chuva mágico só pra dar uma voltinha pelo céu...

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